Saturday 17 July 2010

Talvez o sol apague o desassossego e limpe o peso das coisas que se acumulam num canto escondido de mim.

Thursday 15 July 2010

Quando o silêncio que nos envolve na noite escura e quente apenas é quebrado pelo contacto dos dedos com as teclas de um piano escuro e quente, o que mais podemos fazer senão respirar, fechar os olhos e deixarmo-nos levar para sonhos reconfortantes que nos afastem dos verdadeiros pesadelos que nos ocorrem na espuma dos dias... Haja noites assim...



(ps: o mundo apenas acaba se nós deixarmos. mas é segredo, chiuuuu...)


Sunday 11 July 2010

A saudade que sinto por ti é mansa, dissolve-se no dia-a-dia, sussurra-me devagarinho quase inaudível. Faz parte de mim, e por isso quase não a sinto, como se fosse mais um momento da minha respiração. Mas de vez em quando, aqui e ali, sem que eu o espere, ou algo o faça prever, o tom sobe, as memórias ganham vida. Algumas saltam da estante com se fossem presente, revisito-te com se o ontem e o hoje estivessem trocados, consciente que essa troca não é real, consciente que não estás aqui.

(fazes-me falta)
Queres ir para um lado, e eu para o outro. Não te deixo ganhar. Não posso.

Thursday 8 July 2010

"há dias assim
dias d'alma vaga
tão perto de Deus
tão longe de mim"




Lembrei-me. Uma mesa de café a meio da manhã. Sentado, à espera do meu pai. Acho que estávamos a meio do Verão, altura de férias grandes. Altura de me sentar ao lado do meu pai enquanto ele conduzia por ruas e becos, entrando em cafés e restaurantes. E agora estava ali, numa mesa de café, à espera enquanto ele conversava com alguém do outro lado do balcão. E olhava para as outras pessoas sentadas, umas a lerem o jornal, outras a tomarem ainda o pequeno-almoço, olhando pela janela na ânsia de verem o seu comboio a entrar na estação, do outro lado da rua. E então ouvi a tua voz, "uma bica e um pastel de nata". E ao ouvir a tua voz, olhei para ti e reconheci-te. Parecias tão igual às imagens na televisão, mas ao mesmo tempo tão diferente. Talvez fossem os teus olhos, mais pensativos, mais profundos, enquanto folheavas o jornal e bebias o teu café. Sim, os teus olhos eram diferentes, mas tudo em ti era igual às imagens da televisão. Faltava apenas a banda à tua volta e o microfone à tua frente. Era apenas assim que te conseguia imaginar, tu, a banda, o microfone e as músicas que anos e anos mais tarde ainda ouviria, com o mesmo sorriso com que olhei para ti naquele café. Se o viste ou não, não sei. Apenas sei que aquela manhã ficou gravada em mim, e lembro-me de procurar, de cada vez que tornavas a aparecer na televisão, lembro-me de sempre procurar os teus olhos, se continuavam a ser pensativos, profundos, enquanto te deixavas arrebatar pela música e pelas palavras.