Levantaram-se. Os dois ao mesmo tempo. Tinham trocado um último olhar cúmplice antes de o fazerem e isso tinha sido o suficiente para saberem o que se iria seguir. Levantaram-se, deram as mãos e dirigiram-se para a porta da sala, ignorando os olhares surpresos de todos os que os ficaram a ver. Todos acompanharam a sua saída com ar estupefacto e, ao mesmo tempo, invejando a sua decisão. A reunião pareceu ficar suspensa, todos sem saberem muito bem o que fazerem. Sentados à volta de uma longa disposição de mesas em semi-círculo, todos os formandos desviaram o olhar da apresentação, hipnotizados que estavam pela fuga dos seus dois colegas. Os slides da apresentação continuaram a passar enquanto o formador olhava também as duas pessoas a saírem pela porta da sala de reuniões, incapaz de dizer o que quer que fosse. Todos sem reacção. Apenas eles os dois sabiam o que tinham de fazer. Darem as mãos, saírem daquela sala e irem lá para fora, viverem a vida que sempre desejaram viver. Longe de reuniões, formações, objectivos, pressões, inimizades, tudo aquilo que agora tinham e com o qual já não conseguiam viver. Aliás, e ambos pensavam assim, a única coisa boa que aquela vida lhes tinha trazido era o conhecimento um do outro e o amor que entre eles tinha nascido. Á medida que fechavam a porta atrás de si, ouviam os comentários dos seus colegas, o que estavam eles a fazer, onde é que iam, não sabiam que estavam a um passo do despedimento, tudo falsas preocupações de pessoas que não passavam de completos desconhecidos daquilo que eles os dois realmente eram. Tanto ele como ela, ainda de mãos dadas, não conseguiam evitar um enorme sorriso enquanto ouviam o trinco da porta que se fechava atrás deles. O sorriso de quem ia começar uma nova vida ao lado de alguém que finalmente o(a) compreendia como ninguém...
Thursday, 28 March 2013
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