Thursday 28 July 2011

Estes dias têm vindo a ser uma confirmação de como a nossa vida, o nosso ser, é de uma fragilidade tão grande que nem sonhamos. De como de um dia para o outro, deixamos de ser capazes de ter a memória apurada até ao fim dos nossos dias, ou as pernas que até ontem nos permitiam percorrer quilómetros como se nada fosse. O tempo consegue ser bondoso, mas na maior parte dos casos, e por muito que lutemos contra, será impiedoso e deixará as suas marcas profundas, com quais temos que viver, dia sim dia sim, com um sorriso nos lábios e com lágrimas nos olhos, alegria e tristeza de mãos dadas, por nós e por aqueles que nos rodeiam. Não há muito para dizer, na realidade sem que não fique inundado por uma onda de dor e tristeza, premonitória do que ainda está para vir e que teremos, como um todo, que enfrentar. Apenas quero aqui deixar que já não tenho medo da morte, tenho sim medo de envelhecer. Assim. Desta forma. Ponto final.


Sunday 17 July 2011

Boa sensação de pele arrepiada, respirando o som da sala e da estranha comunhão que as pessoas partilham quando saboreiam acordes e outras linguagens da alma. Uma batida que trepava pelos ombros acima, mãos a dentro e descia inquieta até aos pés que animados dançavam contidos no espaço entre a fila onde encontram morada e a fila que se seguia. Momento bom atrás de momento bom e depois a apoteose: uma sala cheia dando um novo sabor ao concerto juntando-lhe dança; e por fim - lá mesmo para o fim - um público que deixa os artistas irem porque sabe que merecem descansar, não porque não os quisessem continuar ao ouvir. Um pano que desce.


(Lura, 16 de Julho, CCB Fora de Si)