Thursday 8 August 2013

Sei que tenho andado ausente, que nada é como dantes, e entre nós existe um muro transparente mas real, palpável. Sei que sentes falta da pessoa que era contigo, para ti, que receias que não volte a ser  quem  sempre conheceste. Que temes que não te queira, que não me importe.

Sei que às vezes poderia, deveria fazer mais, que me perco nos meus próprios equilíbrios e te deixo do lado de lá da porta, com vista para o silêncio. Sei que querias participar mais na minha vida, saber mais sobre o que me alegra, o que me aflige, que gostavas de recuperar a essência da amizade que extravasava os laços familiares. Sei que algures dentro de ti gostavas que não tivesse crescido tanto em tamanho (e talvez reduzido em simplicidade e ternura).

Sei tudo isso, mas não te consigo dar tanto como queres. Não, minto, não te consigo dar o meu tanto da forma como tu queres. Mas é só isso. Não falta sentimento. Por isso não sintas que te fujo, que me és indiferente. Sente apenas que nem sempre me expresso da mesma forma que tu, que a intimidade em mim tem outras formas. Não te entristeças, nem fiques com sensação de desenxabido, lembra-te que se calhar falamos línguas diferentes, verbalizamos e atuamos de formas diferentes. Mas somos família e isso nem o tempo apaga.