Sunday 19 August 2012

As palavras não chegam. São insuficientes. Incapazes. Incompetentes. É um estado de espírito que se sente, não se diz. Não se explica. Quem (realmente) nos conhece, sabe. Está. Partilha o peso, que pesa pela duração, e não pela intensidade. Dá a mão. Mantém-la com o passar dos dias. Exercita a amizade, exercita a leveza dos pequenos nadas que tornam a vida (mais) leve. Fica. Vai. Volta. Permanece. Fala com os olhos. Fala com silêncios. Fala por falar, diz disparates que nos fazem (sor)rir. Faz-se presente de forma inequívoca e não necessariamente presencial.


(está guardado dentro de uma caixa, pequenina...)

Thursday 2 August 2012

"É impressionante como passas ao lado da vida. Sempre distraído com alguma coisa, sempre a pensar na morte da bezerra. Porque não te viras para a frente e agarras a coisa pelos cornos? Pensas que vai ser sempre assim, sonhos acordados com uma paisagem bonita em fundo? Desengana-te, meu amigo, ainda vais ter de pisar muito carvão em brasa até chegares ao teu destino. E mesmo aí duvido que realmente ganhes juízo, não passas de um pobre sonhador, sempre a imaginar o que poderia ter sido ou o que ainda pode acontecer, quando na verdade deixas escapar o presente nas areias em fuga de uma mera ampulheta. Vá, diz lá que não tenho razão, diz lá que sou só basófia e garganta. Ainda vai chegar o dia, e não deve estar longe, em que vais dar o braço a torcer e afirmar, com todas as letras, que eu é que tenho razão e que começaste a procurar a vida, a real vida, demasiado tarde. E depois quem é que te vai amparar?Não contes com a minha ajuda, meu pateta, tenho mais que fazer, ainda tenho de passar hoje nas finanças para entregar o IRS em atraso..."



(Foto tirada por um desaparecido em combate.)

(a dobrar)