(este sítio anda com uns escritos cada vez mais crípticos. não sei, não, mas qualquer dia esta casa ainda acaba por implodir. fica o aviso.)
Thursday, 27 September 2012
Tuesday, 4 September 2012
Percebi que não és o amor da minha vida, disse-lhe ela por intermédio de uma folha de papel meia amachucada e amarelada. Vejo agora que há uma divergência entre o que eu sabia que eras, e quem és efetivamente. Não porque me tenha enganado redondamente, ou forrado o nosso amor de patine cor-de-rosa. Simplesmente porque, de alguma forma libertei o que melhor havia dentro de ti, puxei o teu lado branco, e a minha influência, apesar de perdurar, esbate-se agora, perde terreno, e há em ti cada vez mais pontos cinzentos e pretos. Não tenho pretensões a salvadora da pátria, nem a anjo redentor, acrescentou com caneta preta e letra indiferente às emoções do momento, nem me acho uma pessoa sem mácula ou pecado, mas sei que de facto te influenciei positivamente, e te envolvi com o melhor que há no mundo, partilha e respeito profundos, leveza. Custa-me ver-te ceder à raiva e ao peso dos vícios, mas a verdade é que não posso fazer mais do que faço. Estaremos sempre ligados, e esta ligação não é morta, conjuga-se em vários tempos verbais. Mas a minha presença na tua vida tem contornos diferentes dos que julgas ter. Não és o amor da minha vida (tal como eu não sou o teu) mas estaremos sempre na vida um do outro, e a verdade é que te amo, como se ama alguém que nos é realmente querido. Abraço apertado, escreveu já quase no fim da folha, de forma meia inclinada.
Subscribe to:
Posts (Atom)