Thursday 7 May 2009

Ontem partilhámos provavelmente o momento mais íntimo que alguma vez tivémos. Bem sei que era uma actividade perfeitamente banal, mas quando os meus olhos encontraram os teus continuamente marejados pelas lágrimas que agora te aparecem tão facilmente, por pouco não chorei também. Armei-me em forte e sorri e pedi o teu sorriso, que de tão bonito devias exibi-lo todos os dias. Quando viraste as costas, enxuguei as minhas lágrimas enquanto pensei que momentos como aquele são aqueles que irei guardar no meu coração quando a tua hora de partir der os primeiros sinais. E derramei mais algumas lágrimas quando pensei nisto.

Hoje fazes 89 anos. Desde o minuto em que tomámos o pequeno-almoço, passando pelos remédios que te dei e a nossa conversa a meio da manhã, até aquele minuto em que te passei para a tua mão a minha lembrança de aniversário, que o teu sorriso tem feito mais aparições do que é normal, o que me deixa muito feliz e acaba por encher toda esta casa com a tua presença. O carinho que te dei ontem tenho-o recebido a dobrar hoje e não há sensação que se lhe compare, nem palavras que possam traduzir o que sinto de cada vez que me olhas nos olhos, como o homem que sempre foste.

Parabéns, meu querido António. Parabéns, meu querido Avô.

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