Thursday 9 July 2009

Porquê? Porque é que uma pessoa com quase 90 anos já confunde as faces das suas diferentes filhas e outra pessoa com quase a mesma idade ainda se sente à vontade para discutir as repercussões sociológicas do endeusamento de um insignificante jogador de futebol? Porque é que um apenas anda alguns minutos nas ruas á volta da casa enquanto o outro vai passear até à beira-mar para se reunir com amigos de décadas? Porquê, porquê? Quando será desenvolvida uma vacina que preserve o nosso cérebro até ao momento em que o nosso corpo deixe permanentemente de funcionar? E porque é que isso não pode acontecer ainda nosso tempo de vida? Somos uma forma de vida tão inteligente, supostamente a mais inteligente à face da nossa terra, e mesmo assim o segredo para manter essa inteligência até ao fim dos nossos dias ainda nos ilude, como se simplesmente as baterias do nosso cérebro não resistissem tanto como o bombear de sangue do nosso coração. Mas não é assim para todos. E não há estatísticas que nos valham, quando há volta de uma mesa estão sentadas quase duas dezenas de pessoas cujas mentes estão afinadíssimas, limpas ainda de névoas passadas que ocultam vírus tão ou mais destrutivos que os vermes informáticos. Porque no fundo, é o nosso próprio computador pessoal que está em causa, o nosso disco rígido repleto de memórias, conhecimento, opiniões e pontos de vista, tudo aquilo que realmente simbolizamos está ali, guardado naquele compartimento frágil de massa cinzenta. E como me custa ver a mente de alguém a fugir, lentamente, diante dos nossos próprios olhos.


No fundo, dia a dia, sem que o possamos evitar, apenas e simplesmente atenuar, é o próprio mundo que existe dentro de ti que começa a chegar ao seu término. E assim, resta-nos apenas continuar a dar-te o nosso amor, na esperança que isso te ajude mais do que a tua bengala.

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