Thursday 5 March 2009

Como diz o outro "there are no free lunches" e tal como no mundo dos negócios também nas amizades tem de haver reciprocidade e benefícios para todos os envolvidos.

Talvez pareça uma versão demasiado comercial e capitalista, mas na realidade não é: as amizades permitem desencontros e mal-entendidos, palavras duras e até traições, estas são, aliás, algumas das suas melhores características, mas nenhuma amizade sobrevive ao desinteresse repetido e continuado de uma das partes (ou das duas). A mesma coisa se passa com o amor.

E esta mania que agora há de querer que os laços que unem as pessoas apareçam quase por geração espontânea, sem necessidades de cuidados, ou preocupações, sem manutenção... faz com que geralmente se troque o espaço e silêncios que as amizades proporcionam (e devem proporcionar) por alheamento em relação aos outros.

3 comments:

Nuno Guronsan said...

Há aqui matéria para toda uma série de escritos. Ou então podes sempre deixar uns comentários no meu H5...

Desinteresse repetido e continuado... Não é nas piores alturas que se vê quem é que realmente está lá, para nos amparar? Agora ou daqui a uns meses? Ou uns anos depois?

Por falar em manutenção... Acho que estou mesmo a precisar disso...

Mais uma vez, espero que escrevas mais alguma coisa sobre isto. Ou então já sabes, H5, ou então facebook e essas coisas. Ou então mais a sério, no Linkedin.

Beijos.

Patricia Dias said...

Até há bem pouco tempo, vivi as minhas amizades de uma forma um pouco ingénua. Sempre pensei que considerarmos alguém como um amigo definia por si só, uma série de regras e comportamentos mútuos, culminando no "eu estarei sempre aqui para ti e tu estarás sempre aqui para mim".

Mas percebi que as coisas infelizmente não são tão lineares como pensava. Que aqueles que esperava que fossem os primeiros a aparecer nos momentos menos bons, afinal não estavam tão bem sintonizados como eu pensava. Ao início foi o choque, depois seguiu-se alguma revolta, no final ficou a capacidade de perceber com quem vale a pena fazer um esforço extra e quem não o merece.

Aos que merecem esse esforço, mando muitas vezes pedidos de ajuda e chamadas de atenção. Perdi a vergonha de o fazer e deixei de esperar que reparassem de como precisava deles.

Aos que deixaram de o merecer, tive simplesmente que abrir mão de todos os bons momentos passados e perceber que a importância que pensava que tinha nas suas vidas, afinal não era assim tão grande.

Se estes acontecimentos têm alguma utilidade, para mim serviram para colocar as coisas em perspectiva e valorizar ainda mais quem continua ao meu lado.

E porque ninguém é perfeito e eu por vezes também ando "dessintonizada", nos dias de hoje faço questão de dizer aos meus amigos para me chamarem à razão sempre que for preciso.

(excelente texto, queremos mais sempre que possível e não só à quinta feira :)

RF said...

Nuno,

Sim, é nas piores alturas que há pessoas que nos surpreendem pela negativa e outras pela positiva.

E às vezes, os papéis invertem-se e quem nos estendeu a mão ontem é quem não está amanhã, e quem não estava lá é quem nos sorri no agora. Depois há os que estão quase sempre por perto.

Acho que nas amizades, é desculpável não estarmos sempre presentes (até porque a vida é mesmo assim e desculpar as ausências é também um dos pilares da amizade), o que não é desculpável é nunca estarmos lá.

Quanto à manutenção o serviço de assistência foi accionado e é só dizeres quando e onde :)

Sobre os novos escritos vamos ver o que arranja que isto é de veias (e já agora nunca andei por terras do H5, nem facebooks e outros que tais...)

Bjs

RF

Patrícia

O tempo também me ensinou muito sobre as amizades, e tal como tu, aprendi que às vezes temos mesmo que dizer que precisamos de companhia, de ajuda, do que for... e outras são os nossos amigos que nos têm de abrir os olhos para as inquietações deles.

Aprendi também que as amizades não se regem apenas por preto e branco e têm muitos cinzentos.

Obrigada pela tua mensagem.
Espero corresponder às expectativas no futuro, mas nunca se sabe... Como disse ao Nuno isto da inspiração tem dias melhores e piores.

:)

RF