Thursday, 26 March 2009

Ontem esteve perto de acabar. Não o mundo, que até parece começar a entrar nos eixos, mas a pessoa que escreve esta meia-dúzia de linhas. Uma queda, mesmo que ao mesmo nível, não deixa de ser uma queda. Não revisitei o cliché da vida passada que nos passa pelo olhos numa questão de nanosegundos, com alguma pena minha, pois algumas coisas até gostava de ver de novo, mais não seja pela questão da focagem da nossa memória fotográfica.

Acho que acaba sempre por ser uma questão selectiva do nosso cérebro. Algumas coisas que queremos guardar na nossa "bagagem" ficam nítidas para sempre, ainda que na altura em que ocorreram a focagem fosse mais que dúbia, e sem dúvida que parte dos pormenores são como peças de puzzle que lá faltavam e a nossa mente, consciente ou não, trata de arranjar e completar o ramalhete. E no inverso? Acontecimentos que nos marcaram da pior forma, nítidos como cicatrizes que nos rasgam a pele, mas que por alguma razão não os queremos guardar connosco de tão dolorosos que são, que aos poucos deixamos que se tornem polaróides gastas pelo tempo e com nitidez galopantemente fraca. Escolhas do nosso âmago, acho eu.

Se calhar isso justifica o porquê de não me lembrar de pormenores da queda. O porquê deste ou daquele corte, de onde apareceu aquele hematoma. Apenas o antes e o depois. O durante ficará perdido num qualquer limbo da minha memória. Apenas as causas e as consequências ficam, sendo que estas últimas me doem mais que qualquer espécie de fotografia de outros tempos...

1 comment:

Anonymous said...

Bom, a última queda que dei foi de bicicleta e lembro-me de tudo (e para além da memória fotográfica, tenho uma memória física aqui e ali)... mas num acidente de carro que tive a minha mente excusou-se a guardar registo do durante, mas o antes e o depois ficaram bem marcados na minha memória.

Fica bom depressa.
Bjs
RF