Acho que acaba sempre por ser uma questão selectiva do nosso cérebro. Algumas coisas que queremos guardar na nossa "bagagem" ficam nítidas para sempre, ainda que na altura em que ocorreram a focagem fosse mais que dúbia, e sem dúvida que parte dos pormenores são como peças de puzzle que lá faltavam e a nossa mente, consciente ou não, trata de arranjar e completar o ramalhete. E no inverso? Acontecimentos que nos marcaram da pior forma, nítidos como cicatrizes que nos rasgam a pele, mas que por alguma razão não os queremos guardar connosco de tão dolorosos que são, que aos poucos deixamos que se tornem polaróides gastas pelo tempo e com nitidez galopantemente fraca. Escolhas do nosso âmago, acho eu.
Se calhar isso justifica o porquê de não me lembrar de pormenores da queda. O porquê deste ou daquele corte, de onde apareceu aquele hematoma. Apenas o antes e o depois. O durante ficará perdido num qualquer limbo da minha memória. Apenas as causas e as consequências ficam, sendo que estas últimas me doem mais que qualquer espécie de fotografia de outros tempos...
1 comment:
Bom, a última queda que dei foi de bicicleta e lembro-me de tudo (e para além da memória fotográfica, tenho uma memória física aqui e ali)... mas num acidente de carro que tive a minha mente excusou-se a guardar registo do durante, mas o antes e o depois ficaram bem marcados na minha memória.
Fica bom depressa.
Bjs
RF
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