Thursday 19 March 2009

E depois de umas dezoito horas de trabalho quase seguidas, o mundo podia mesmo acabar que eu provavelmente nem iria reparar nisso, a menos que fosse obrigado.

E chega-se a casa já na madrugada de um outro dia, com as ruas quase desertas, com muito poucas aspirações a não ser uma cama e umas quantas horas de sono, e acaba-se confrontado com a fuga à solidão que tantas e tantas pessoas manifestam quase todos os dias. Com a diferença que já é quase meia-noite e meia e esperava-se tudo menos um boa noite do outro lado da rua.

Seja a afinidade de trabalhar fora de horas, ou a afinidade da falta de estacionamento numa rua que mais lembra o bairro alto numa noite de santos, ou a afinidade de já termos trabalhado a uma centena de metros um do outro, o certo é que o boa noite despoletou uma conversa de todo inesperada.

Em cinco minutos, mais palavras trocadas do que em alguns anos de vizinhança. Em quatro minutos de escadaria, e mais algum cansaço para o acumulador, um sentimento quase a roçar a solidariedade, sim, eu também estou aqui, cansado de tanta labuta, e percebo perfeitamente de onde vens, e já sabes que não estás sozinho nesta luta contra o resto do mundo que já dorme tranquilamente nas suas residências. E ainda aproveitamos para nos rirmos com a impossibilidade de termos um carro ainda portátil que um smart, só para agarrarmos aqueles últimos centrímetros de óasis estacionável.

Definitivamente, o ser humano ainda tem a capacidade de me surpreender nas alturas mais bizarras. E ainda bem que isso acontece, na margem deste precípio que, curiosamente, tende mesmo a acontecer às quintas-feiras. Ou então já é um estereótipo...

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