"Agora que achamos que percebemos tudo, qual é o ponto da situação? Depois das
ruinosas experiências do século anterior, de tantos comportamentos incorrectos,
de tantas mortes, instalou-se um agnosticismo repugnante em torno das questões
da justiça e da redistribuição da riqueza. Acabaram-se os grandes ideais. O
mundo terá de melhorar, se é que algum dia vai melhorar, a pouco e pouco. A
maioria das pessoas tem uma visão existencialista da vida - ter de ganhar a vida
a varrer as ruas é visto apenas como uma questão de azar. Não estamos numa era
visionária. As ruas têm de ser limpas. Os azarados que se cheguem à
frente."
Ian McEwan
Para a semana estamos num novo ano. Novas quintas-feiras do ano em que, supostamente e de acordo com calendários de outros tempos, tudo vai acabar. Na verdade, tenho as minhas dúvidas. Estou como dizia há uns meses, anos atrás, à força de tanto o desejarmos, temo (ou não) que o fim demore ainda muito a chegar. Por isso apenas me resta desejar boas entradas e encontramo-nos ao virar de uma esquina, noutra quinta-feira.
Good night and good luck.
Thursday, 29 December 2011
Thursday, 22 December 2011
Thursday, 1 December 2011
O mundo hoje não acabou. Possivelmente acabou apenas o feriado, mas também o que é que isso realmente importa? Nada. Zero. Por isso, mais vale acreditar que amanhã o sol vai continuar a aparecer no horizonte, que o tempo acaba irremediavelmente por passar, e que se pode sempre regressar a 2005. Nem que seja apenas no papel. Good night and good luck.
"Penso: talvez haja uma luz dentro dos homens, talvez uma claridade, talvez os homens não sejam feitos de escuridão, talvez as certezas sejam uma aragem dentro dos homens e talvez os homens sejam as certezas que possuem."
"Penso: talvez haja uma luz dentro dos homens, talvez uma claridade, talvez os homens não sejam feitos de escuridão, talvez as certezas sejam uma aragem dentro dos homens e talvez os homens sejam as certezas que possuem."
José Luis Peixoto
Saturday, 26 November 2011
Hoje ajudei o mundo a renovar-se a um Sábado. Um gesto que me encheu de boa disposição e bem-estar. Um tempo de convívio e de risota.
http://www.plantarumaarvore.org/
(Porque a vida - graças a Deus - não é - só - feita de facebooks, centros comerciais e outra coisas no género. Antes pelo contrário. Para o ano não há dúvidas: estou lá. E entretanto vou visitando as minhas novas amiguinhas)
http://www.plantarumaarvore.org/
(Porque a vida - graças a Deus - não é - só - feita de facebooks, centros comerciais e outra coisas no género. Antes pelo contrário. Para o ano não há dúvidas: estou lá. E entretanto vou visitando as minhas novas amiguinhas)
Tuesday, 15 November 2011
Saí porta fora com leveza nas pernas, e a musiquinha do teu blog a embalar-me o caminho. Uma certa pressa de chegar, de sair. Uma certa pressa de espreguiçar a mente e sorrir a todos os estranhos que me aparecessem pela frente. Como eu gosto de sorrir a estranhos. E como gosto de receber sorrisos de volta (sejam eles de agradecimento, de uma certa incredulidade, de quem pensa que conhece, mas não se lembra de onde).
Há coisas em mim que ninguém, nem nada vão apagar. Essa é uma delas. Pode haver dias em que não me apeteça sorrir, ou o sorriso seja tímido e embalado por uma certa tristeza, mas no âmago de mim os sorrisos multiplicam-se de forma quase inesgotável. E é com um sorriso rasgado de felicidade que me lembro da senhora do autocarro, dos seus dois beijinhos, e dos seus dois sacos pesados que ajudei a carregar (apesar dos teus meios protestos).
Há coisas em mim que ninguém, nem nada vão apagar. Essa é uma delas. Pode haver dias em que não me apeteça sorrir, ou o sorriso seja tímido e embalado por uma certa tristeza, mas no âmago de mim os sorrisos multiplicam-se de forma quase inesgotável. E é com um sorriso rasgado de felicidade que me lembro da senhora do autocarro, dos seus dois beijinhos, e dos seus dois sacos pesados que ajudei a carregar (apesar dos teus meios protestos).
Thursday, 10 November 2011
Enrolou-se no sofá, puxou a manta e fechou os olhos. Deixou-se ficar, com a televisão como música de fundo e a luz esbatida do candeeiro do canto. Os minutos passaram; nem um movimento. Nada, nem ninguém se mexeu. As paredes impávidas e serenas, permaneceram senhoras de si, alheias ao que se passava. O silêncio era-lhes indiferente. A aparente ausência de movimento, de vida era na realidade uma ilusão. A sua cabeça passava de pensamento em pensamento, de constatação para constatação, e a alma cansada de sofrimento deglutia tudo como se a dor não lhe pertencesse, como se tivesse ganho ao mundo e fosse tudo o que queria ser, sem limitações e entraves. Amarrotou a carta que segurava na mão direita, inconsciente do movimento, decidindo que não a releria, e que aquela era, tinha de ser, uma página virada da sua vida. Apeteceu-lhe levantar-se e arrumar os armários. Pensou que não deixava de ser revelador a necessidade que tinha de arrumar a casa, quando tinha de arrumar a vida. Mas deixou-se ficar puxando a manta mais um bocadinho. A televisão continuava lá, a debitar imagens e sons que se perdiam sem recetor. Continuou numa espécie de limbo mental e físico. Continuou num mundo só seu.
(e não é que acertei em mais uma quinta-feira... o bolo está no forno, e a contagem decrescente já começou - se para mais ninguém, para mim -).
(e não é que acertei em mais uma quinta-feira... o bolo está no forno, e a contagem decrescente já começou - se para mais ninguém, para mim -).
Thursday, 3 November 2011
Dói-me a tua ausência com ganas de gritos mudos e silêncios contemplativos e apáticos. Fazes-me falta, como me faz falta a alma, o coração. És parte de mim. Não consigo deixar de me preocupar. De imaginar com se embala a dor em ti, que abraços te farão falta. Triste a forma como a nossa história se pronuncia, cheia de sintonia e partilha, cheia de cortes e desenganos. Áspera a necessidade de termos distância entre nós. Pungente a saudade que se mistura com a vontade de presença. Como se fôssemos simultaneamente veneno e cura.
Cortante o peso do vazio em cada um de nós.
(e não é que desta vez foi mesmo a uma quinta que a escrita se deu)
Cortante o peso do vazio em cada um de nós.
(e não é que desta vez foi mesmo a uma quinta que a escrita se deu)
Tuesday, 25 October 2011
A chávena de chá estava quente, quente o suficiente para lhe queimar os lábios quando tentou beber o primeiro gole. Retraiu-se retraindo uma espécie de lágrima. Precisava de conforto e naquele momento aquela chávena de chá era o seu cobertor, o seu sofá o seu abraço profundo. Respirou fundo, não podia dizer que estivesse triste, não, naqueles últimos tempos era acometido por uma sensação de estar, apenas estar, como se tivesse ultrapassado a tristeza, a desilusão, e tudo mais, e apenas sobrasse uma resignação mansa.
Thursday, 20 October 2011
"E agora, com quem me aborreço?
Como abraço essa tua mania de passear pela vida,
desajeitando os dias?
Deixaste as luzes acesas.
As migalhas no chão.
A camisola amarrotada.
A toalha fora do sítio.
As minhas noites em desalinho.
As horas, vadias.
Anda.
Tenho saudades de arrumar o teu mundo.
(Mais um Outubro. Consta que amanhã o mundo vai acabar. Outra vez. Não faz mal, até porque hoje já houve momentos de felicidade suficientes para uma vida inteira. Creio eu.)
Como abraço essa tua mania de passear pela vida,
desajeitando os dias?
Deixaste as luzes acesas.
As migalhas no chão.
A camisola amarrotada.
A toalha fora do sítio.
As minhas noites em desalinho.
As horas, vadias.
Anda.
Tenho saudades de arrumar o teu mundo.
Miguel Carvalho
(Mais um Outubro. Consta que amanhã o mundo vai acabar. Outra vez. Não faz mal, até porque hoje já houve momentos de felicidade suficientes para uma vida inteira. Creio eu.)
Thursday, 6 October 2011
Sunday, 18 September 2011
Wednesday, 14 September 2011
As palavras não importam, não realmente, não hoje. O que interessa é quebrar o silêncio, deixar uma marca, por mais pequena, esbatida e irrelevante que seja. Mensagem de mim para mim, dizendo-me, relembrando-me que sou, que existo, que permaneço na vida intacta nas minhas convicções. Que dou aos outros, mas não me anulo, que sorrio e abraço, mas não dou a outra face (não por sistema, não por dá cá aquela palha, não porque sim). É bom olhar para dentro e gostar do que se vê (ainda que mais, ou menos amachucado, ainda que com mais, ou menos cicatrizes). É bom saber estar connosco próprios, guardar os limites, e fechar para balanço de vez em quando.
Thursday, 1 September 2011
Ontem fez oito dias.
Hoje chove lá fora.
Costuma dizer-se que não há coincidências, e eu acredito que não haja mesmo. De qualquer forma, quando as nuvens, o céu, o sol escondido, decidem imitar o nosso estado de espírito, é dificil não ficar tentado a cair num lado mais espiritual, menos racional do nosso cérebro. Mas neste momento, tudo o que sirva para aliviar um pouco a mágoa, nem que seja um placebo do consciente, é bem-vindo e ajuda a lembrar apenas os bons momentos, o carinho e a amizade, os olhos meigos, e a vontade de nunca parar, de continuar sempre as suas caminhadas, de passear pelo meio das oliveiras que o viram crescer. É bom lembrá-lo, mesmo com lágrimas. É sempre bom lembrá-lo e vê-lo em fotos antigas, e pensar que agora a sua alma pode descansar em paz, sem necessitar de bengalas ou quejandos. Fica bem, meu querido.
(Apesar de todos estes últimos escritos carregados de tristeza, estou melhor. Melhor que há uma semana, e a melhorar com cada dia que passa. Obrigado, meus amigos e amigas, pelo carinho que me têm dado. Vocês têm sido o meu melhor remédio.)
Thursday, 4 August 2011
Ao longo da minha vida tem havido uma série de momentos, comigo e sem mim, que tento evitar que caia naquele abismo do nosso cérebro onde muitas das memórias se deixam ir até ao desaparecimento eterno. Recordo-as uma e outra vez, com a ajuda dos que lá estiveram, reavivando a mente dos contornos de cada momento, cada palavra dita, cada imagem que passou pela retina. Tento sempre, sem desistir, pois são momentos que constituíram em granda parte aquilo que sou neste exacto momento em que escrevo estas palavras. Tudo isto sou seu, é o mantra a utilizar. Até porque, e estamos a chegar lá, em grande parte desses instantâneos do quotidiano, não houve polaroides a acompanhar os momentos, ficando as imagens apenas naquilo que é conhecido pela massa cinzenta. Daí que, com a facilidade de nos dias de hoje qualquer coisa ser capaz de tirar fotografias, acreditem que é um enorme alegria poder registar um momento que, ao mesmo tempo que me fez recuar no tempo, fez-me acreditar que o futuro está já ali, à minha frente, que a distância não existe quando os corações batem em simultâneo, quando os olhares de muitos e muitos anos se cruzam mais uma vez, e de que efectivamente blood runs thicker than water. Haja muitos instantes assim.
Thursday, 28 July 2011
Estes dias têm vindo a ser uma confirmação de como a nossa vida, o nosso ser, é de uma fragilidade tão grande que nem sonhamos. De como de um dia para o outro, deixamos de ser capazes de ter a memória apurada até ao fim dos nossos dias, ou as pernas que até ontem nos permitiam percorrer quilómetros como se nada fosse. O tempo consegue ser bondoso, mas na maior parte dos casos, e por muito que lutemos contra, será impiedoso e deixará as suas marcas profundas, com quais temos que viver, dia sim dia sim, com um sorriso nos lábios e com lágrimas nos olhos, alegria e tristeza de mãos dadas, por nós e por aqueles que nos rodeiam. Não há muito para dizer, na realidade sem que não fique inundado por uma onda de dor e tristeza, premonitória do que ainda está para vir e que teremos, como um todo, que enfrentar. Apenas quero aqui deixar que já não tenho medo da morte, tenho sim medo de envelhecer. Assim. Desta forma. Ponto final.
Sunday, 17 July 2011
Boa sensação de pele arrepiada, respirando o som da sala e da estranha comunhão que as pessoas partilham quando saboreiam acordes e outras linguagens da alma. Uma batida que trepava pelos ombros acima, mãos a dentro e descia inquieta até aos pés que animados dançavam contidos no espaço entre a fila onde encontram morada e a fila que se seguia. Momento bom atrás de momento bom e depois a apoteose: uma sala cheia dando um novo sabor ao concerto juntando-lhe dança; e por fim - lá mesmo para o fim - um público que deixa os artistas irem porque sabe que merecem descansar, não porque não os quisessem continuar ao ouvir. Um pano que desce.
(Lura, 16 de Julho, CCB Fora de Si)
(Lura, 16 de Julho, CCB Fora de Si)
Thursday, 23 June 2011
O mundo continua a girar e a girar, todos os dias, aqui ou nos antípodas. Nada do que possamos fazer o pode parar, mudar ou simplesmente dar-lhe um novo rumo. De modo que, acho que está na altura de uma conferência, para sabermos o que fazer com este mundo e com estas quintas-feiras escaldantes onde temos de dar graças por um ar condicionado. O local já está reservado, juntem-se a mim quando quiserem, caras camaradas. :)
Thursday, 21 April 2011
Tuesday, 12 April 2011
Preciso de ti como nunca precisei; dá-me a mão e lembra-me que não estou só, que sou forte como sinto, que sou muito mais do que serei se ficar aqui. Livra-me desta morte pequenina, abafada, redutora. Diz-me o que já sei: que não é isto que quero, que há mais de mim, mais para mim. Embala a minha quase dor, para vir o amanhã preenchido de coisas que são e se sentem por inteiro. Convoca tudo e todos que aches necessários, dá-me sorrisos aleatórios, pedidos de ajuda, abraços vindos do nada. Faz-me sentir, faz-te sentir.
Thursday, 24 March 2011
Afinal não foi um copo de vinho, com fatias de queijo a acompanhar. Foram as bolachas Maria e um copo de leite que ganharam a corrida. Não faz mal, como diz o Ikea, mudar de ideias é normal, e há um certo conforto no desfazer da bolacha, no misturar do leite.
Além de que a noite ainda se demora e o mais provável é um ovo (verdadeiro, lá da Serra da Estrela) acabar no meu estômago (que por ser bom grafo, aprecia do mais simples ao mais refinado - se bem que o simples seja senhor, e o refinado empregado -).
Sim, que hoje só me apetece comer (qb) e nem tanto cozinhar (nem tão pouco lavar a loiça).
(as minhas despedidas ao contra-relógio, que passou a ser contrarrelógio... não fosse a ideia de os meus filhos - que ainda não tenho - poderem vir a dar erros ortográficos, por minha causa, bem mandava o acordo ortográfico dar uma volta ao bilhar grande).
Além de que a noite ainda se demora e o mais provável é um ovo (verdadeiro, lá da Serra da Estrela) acabar no meu estômago (que por ser bom grafo, aprecia do mais simples ao mais refinado - se bem que o simples seja senhor, e o refinado empregado -).
Sim, que hoje só me apetece comer (qb) e nem tanto cozinhar (nem tão pouco lavar a loiça).
(as minhas despedidas ao contra-relógio, que passou a ser contrarrelógio... não fosse a ideia de os meus filhos - que ainda não tenho - poderem vir a dar erros ortográficos, por minha causa, bem mandava o acordo ortográfico dar uma volta ao bilhar grande).
Thursday, 17 March 2011
Sunday, 6 March 2011
Sunday, 30 January 2011
Que o tempo passa a correr já toda a gente sabe, que as coisas e as pessoas não são sempre o que/como queremos também. Há um sem número de verdades mais ou menos inequívocas que habitam a nossa vida, umas vezes mostrando-se quase compassivas, outras ao jeito de "eu bem te disse". Talvez a maneira (desajeitada e automática) com que a maioria dos seres humanos repete erros e se encurrala em situações familiares (e a evitar, pela redundância dos maus resultados anteriores), esteja de alguma forma ligada a este clichés e sistematizações da vida. Ir pelo caminho (e o caminho aqui é a atitude) que já conhecemos, é aparentemente mais fácil que seguir uma nova via. Baralhar para arrumar, nem sempre é fácil, ou melhor dizendo apetecível. E talvez seja por isso, que muitas vezes, lá no cantinho do que nós somos, surja a pergunta "porquê eu?", quando muitas vezes deveria vir acompanhada por "e como é que mudo isto?" ou qualquer coisa que se pareça, com tónica marcada naquele bocadinho que nos cabe e que alguns chamam de livre arbítrio. A vida não é fácil, e sermos nós mesmos também não. Aliás talvez seja mais difícil ser (haveria tanto para dizer, mas hoje a poesia é q.b.) do que viver.
(já era tempo de quebrar o silêncio blogístico)/ (2010 não se pode queixar de mim, e eu a bem dizer também não me posso queixar de 2010, apesar das saudades que acarreta. Vamos ver o que guardo para 2011 e ele para mim)
(já era tempo de quebrar o silêncio blogístico)/ (2010 não se pode queixar de mim, e eu a bem dizer também não me posso queixar de 2010, apesar das saudades que acarreta. Vamos ver o que guardo para 2011 e ele para mim)
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