Thursday, 23 December 2010

Está o mundo a acabar? Sim, provavelmente, para muitos ele acaba todos os dias.
Numa altura em que se começam a fazer balanços, a pesar o bom com o menos bom, quando apenas pensamos que vamos ter alguns dias cheios, repletos de todos os sentimentos bons pelos quais ansiamos todos os dias, talvez, apenas talvez, também seja uma altura em que devemos dar graças por tudo o que temos, para pensar que há quem seja menos afortunado do que nós, até em pequeníssimas coisas, como estar apenas sozinho, não ter alguém que o abrace, não ter meia dúzia de trocos para se abandonar a uma pequena guloseima, não poder retribuir completamente àqueles que lhe dão tanto, podia estar aqui a enumerar mil e uma coisas nas quais também penso nesta época e pelas quais, para minha grande fortuna, não tenho de passar ou já passei e não tenho de pensar nelas no momento presente.
Por tudo isto quero agradecer. Por nada em específico mas sim por tudo. Por tudo aquilo que até hoje recebi, por tudo aquilo que continuo a receber, no fundo por ter pessoas na minha vida que fazem com que viver esta vida seja, na realidade, um privilégio que gostava que houvesse mais pessoas neste mundo a poder disfrutar.
Obrigado.
Bom Natal.
Sejam felizes.
E, já agora, bem hajam.

(isto esteve quase para ser em regime de exclusividade, mas depois pus-me a pensar, e achei que havia mais gente que devia mesmo ler isto, modéstia à parte.)


Thursday, 9 December 2010

O mundo definitivamente não acaba à quinta-feira. E aqui estou eu para o provar.

(obrigada São Pedro pela aberta, que deu e sobrou para uma viagem de ida e volta, com direito a almoço, luz e sol)

Thursday, 2 December 2010

... eis que já tenho a minha própria produção pecuária.





Obrigado, malta do LB!!

Friday, 19 November 2010

E não é que o raio do mundo teima mesmo em viver. Não desiste, não esmorece, não morre na esquina.

(E não é que parece que cada um à sua forma, lá vai encontrando o caminho, crescendo, saboreando os anos que - esperemos - nos apurarão como ao vinho do Porto).

Thursday, 18 November 2010

Há esperança. Esperança que o mundo apenas tenha dado mais uma volta e afinal, na sua infinita sabedoria, tenha decidido que ainda é cedo para acabar, quanto mais a uma quinta-feira. Poderá estar mais frio, mas isso é apenas uma consequência da nova localização. E ainda que aconteçam pequenas coisas enervantes que lembram um pouco tempos passados, a mudança está concretizada e definitivamente há pequenos pormenores que começam a revelar-se, o véu levanta-se e de repente apercebemo-nos que nem tudo está realmente na mesma.

E que bom é ouvir os pássaros a cantar.

E pronto, de volta ao mundo real. Ou como se costumava dizer, de volta ao Portugal profundo.


Thursday, 4 November 2010

Estava aqui a lembrar-me de um programa de televisão que havia, penso que na minha infância, no qual em cada episódio era contada uma história daquelas que os nossos avós contavam à volta da fogueira, para que as longas noites de inverno fossem menos frias. Mas o que era realmente engraçado nesse programa era a forma como iam aparecendo desenhadas as ilustrações da história que se contava, os desenhos que iam nascendo naquilo que parecia uma tela de papel vegetal. Ouvíamos as palavras e víamos os desenhos e havia uma estranha mas notável sintonia naquilo tudo. Quase parecendo nascer ao mesmo tempo.

E porque pensava eu nisto?
Porque se calhar era tão mais fácil se pudéssemos desenhar a nossa vida assim, livre de amarras e enquanto alguém narrava o final feliz pelo qual todos nós ansiamos.

A sério, pelo menos por uns tempos.


Saturday, 30 October 2010

Há filmes que nos envolvem suavemente no primeiro instante, no primeiro som, na primeira imagem. Como se pertencêssemos à história, ainda que como meros observadores. Há filmes que nos abraçam.

Thursday, 28 October 2010


Há músicas, letras e notas musicais que me servem de porto seguro quando preciso de me agarrar à beira do abismo. Mas também há aquelas pessoas que nos deixam canções que nos aconchegam o coração e nos libertam a alma para outros voos. Esta senhora é, muito provavelmente, a melhor manifestação da segunda via. E uma excelente companhia para noites escuras, silenciosas e longas...

Sunday, 24 October 2010

Pensar no que deveríamos ter feito, ou no que poderia ter sido, é das piores coisas que podemos fazer. É como se permitíssemos a nós mesmos, embrulhar-nos num sem número de pequenas teias que limitam os nossos movimentos e e nos deixa sempre com um pé no passado e outro no futuro (onde achamos que podemos mudar alguma coisa, e não podemos, porque a mudança é feita no presente).

Porque o que queríamos fazer, e não fizemos, ganha contornos enevoados, como se tratasse de uma quimera de suma importância para a nossa existência (o que às é verdade, e outras nem por isso, a importância da coisa resume-se ao ainda não ter sido feita).

(Tenho o prazer de informar que dei alguns passos importantes, e tratei de alguns moinhos de vento: 1- done; 2- done; 3 - on-going; 4 - stand-by; 5- DONE)

Thursday, 21 October 2010


Continuas a correr, sabe-se lá para onde. Mas gosto da maneira como continuas a sorrir enquanto tentas descobrir novos sítios, novas pessoas, novas coisas que povoem a tua vida e que te deixem sempre com boas memórias. Mas gosto ainda mais da maneira como ontem disseste que o passado é passado, viva o presente, e venha o futuro. É daquelas ideias inspiradas pela luz a iluminar-te logo pela manhã.

Parabéns, puto!


Thursday, 14 October 2010


as cicatrizes... curam-se...


Friday, 1 October 2010

Ver fotografias antigas é algo que abre portas dentro de nós, que nos pode fazer sorrir, recordar, dar espaço às saudades mais ou menos adormecidas. Tem o poder de nos fazer pensar, de analisarmos quem fomos, quem somos, quem esperamos ser.

(E não é que era bem querida quando era pequena? ... há muitas molduras vazias por preencher).

Sunday, 19 September 2010

Sometimes good things come out of bad things. And I am facing this as a fresh start.

(I will do my part, let's hope life does hers).

Thursday, 2 September 2010

E os dias passaram, um por cima do outro...
E vai-se a ver, agosto já ficou no passado...
Sem arrependimentos, sem mágoas...
E como diria o Joe, the future is uncertain...
E ainda bem que assim o é...


Thursday, 5 August 2010

Distraiu-se por alguns segundos com o título longo daquela música, e quando deu por si, estava a travar a fundo para evitar o choque com os carros parados à sua frente. Um chiar barulhento, um cheiro a borracha queimada que ficou no ar, uns quantos olhares assustados na sua direcção provenientes dos peões que por ali andavam, e uma ou duas buzinadelas dementes de outros condutores parados. E depois já podia respirar. Que diabo, não era normal haver tanto trânsito a esta hora, pensava ele. Será que já está tudo de férias e decidiram todos pegar nos carros e vir para a rua só para poderem entupir estradas, rotundas e quejandos? Começava a sentir a sua boa disposição a ir-se embora quando finalmente reparou que todos os semáforos estavam desligados. Nem sequer a intermitência habitual das horas mais tardias e escuras, simplesmente desligados. Não admirava tanta confusão automobilística. Lentamente os carros lá iam avançando, ao ritmo de tartarugas pachorrentas metálicas, arrastando-se ao longo do quente asfalto. Voltou a pensar na canção que ainda se ouvia como pano de fundo. Aumentou o volume e deixou que a melodia estival lhe animasse o espírito e lhe devolvesse o sorriso que o tinha acompanhado toda a manhã. Ouviu o som habitual de uma mensagem no seu telemóvel. Não tinha por hábito pegar no mesmo enquanto conduzia, mas como estava mesmo parado, decidiu espreitar o sms. Era dela. Dizia apenas as palavras que formavam o nome da canção que agora se aproximava do seu fim. Ela estava a ouvir a mesma canção. À distância de uma dezena de quilómetros, ela também estava a ouvir aquela canção que parecia fazer com que o sol brilhasse ainda mais. A mesma canção que os unia nessa distância. Voltou a sorrir, e não sabia muito bem o que responder-lhe. Afinal, a afirmação dela era tão forte que não carecia de confirmação da parte dele, pois ela sabia que sim, que também ele ouvia aqueles sons de outros caminhos, de outras paisagens. Se ela estivesse ali ao seu lado, beijá-la-ia. Porque quando estava com ela, havia muitas vezes em que não havia necessidade de palavras, apenas juntarem os seus lábios fazia sentido. Beijá-la. Sim, era isso que ele agora queria. E foi isso que lhe respondeu pelo telemóvel, e foi isso que lhe enviou exactamente no momento em que os carros começavam a avançar mais rapidamente. Sem vermelhos, nem amarelos, nem verdes. Veículos apenas iluminados pelo sol que varria toda aquela terra que já há muito tinha perdido a sua salvação. E enquanto acelerava, ele pensava como seria bom ouvir logo à noite a canção do nome comprido quando estivesse novamente ao lado dela, nos seus braços quentes...

(regime de exclusividade.)


Saturday, 17 July 2010

Talvez o sol apague o desassossego e limpe o peso das coisas que se acumulam num canto escondido de mim.

Thursday, 15 July 2010

Quando o silêncio que nos envolve na noite escura e quente apenas é quebrado pelo contacto dos dedos com as teclas de um piano escuro e quente, o que mais podemos fazer senão respirar, fechar os olhos e deixarmo-nos levar para sonhos reconfortantes que nos afastem dos verdadeiros pesadelos que nos ocorrem na espuma dos dias... Haja noites assim...



(ps: o mundo apenas acaba se nós deixarmos. mas é segredo, chiuuuu...)


Sunday, 11 July 2010

A saudade que sinto por ti é mansa, dissolve-se no dia-a-dia, sussurra-me devagarinho quase inaudível. Faz parte de mim, e por isso quase não a sinto, como se fosse mais um momento da minha respiração. Mas de vez em quando, aqui e ali, sem que eu o espere, ou algo o faça prever, o tom sobe, as memórias ganham vida. Algumas saltam da estante com se fossem presente, revisito-te com se o ontem e o hoje estivessem trocados, consciente que essa troca não é real, consciente que não estás aqui.

(fazes-me falta)
Queres ir para um lado, e eu para o outro. Não te deixo ganhar. Não posso.

Thursday, 8 July 2010

"há dias assim
dias d'alma vaga
tão perto de Deus
tão longe de mim"




Lembrei-me. Uma mesa de café a meio da manhã. Sentado, à espera do meu pai. Acho que estávamos a meio do Verão, altura de férias grandes. Altura de me sentar ao lado do meu pai enquanto ele conduzia por ruas e becos, entrando em cafés e restaurantes. E agora estava ali, numa mesa de café, à espera enquanto ele conversava com alguém do outro lado do balcão. E olhava para as outras pessoas sentadas, umas a lerem o jornal, outras a tomarem ainda o pequeno-almoço, olhando pela janela na ânsia de verem o seu comboio a entrar na estação, do outro lado da rua. E então ouvi a tua voz, "uma bica e um pastel de nata". E ao ouvir a tua voz, olhei para ti e reconheci-te. Parecias tão igual às imagens na televisão, mas ao mesmo tempo tão diferente. Talvez fossem os teus olhos, mais pensativos, mais profundos, enquanto folheavas o jornal e bebias o teu café. Sim, os teus olhos eram diferentes, mas tudo em ti era igual às imagens da televisão. Faltava apenas a banda à tua volta e o microfone à tua frente. Era apenas assim que te conseguia imaginar, tu, a banda, o microfone e as músicas que anos e anos mais tarde ainda ouviria, com o mesmo sorriso com que olhei para ti naquele café. Se o viste ou não, não sei. Apenas sei que aquela manhã ficou gravada em mim, e lembro-me de procurar, de cada vez que tornavas a aparecer na televisão, lembro-me de sempre procurar os teus olhos, se continuavam a ser pensativos, profundos, enquanto te deixavas arrebatar pela música e pelas palavras.


Saturday, 26 June 2010

Ouvir música no carro é bom, mas apreciar o silêncio enquanto se divaga pelos próprios pensamentos também tem encantos (e muitos).

(e não é que me deu saudades de quando tinha o rádio avariado, e não o liguei)

Thursday, 24 June 2010

Olá.
Só mesmo para picar o ponto, que a inspiração ficou seca com as palavras de ontem. Por isso, deixo as palavras que, para mim, são provavelmente das mais bonitas alguma vez musicadas neste nosso país de tanta angústia, tanta saudade e tanta melancolia.

"Adeus tristeza, até depois
Chamo-te triste por sentir que entre os dois
Não há mais nada pra fazer ou conversar
Chegou a hora de acabar"

palavras escritas por Fernando Tordo.


Thursday, 17 June 2010



Neste momento é isto e pouco mais, até porque são 827 páginas, com muitas palavras para devorar, muitas personagens para amar e odiar, e uma história que envolve tanta História real que quase ficamos sem respiração no meio de tanto despejo literário...

Mais a dizer sobre isto, brevemente...

Monday, 7 June 2010

Um silêncio que não é silêncio, por ser preenchido de sons suaves que aquecem a alma, ó que melhor dizendo a libertam. O corpo relaxa quase instantaneamente, a alma acompanha-o, e prolonga-se nessa sensação de leveza. O tempo não pára, apenas segue a cadência que lhe devia ser inerente, não se adianta, não tropeça nas urgências (mais ou menos ocas) que a vida tem. É o ser, pelo ser, o usufruir sem ânsias da paisagem que de forma singela e quase inconsciente nos limpa a mente.

(Há sítios que têm magia. Há sítios que são prolongamentos de nós)

Thursday, 20 May 2010

"Mas ando pela vida feito placa de auto-estrada, que ensina o caminho aos outros mas pouco sabe de si
Mas ando pela vida por ver andar meus amigos, e confesso que por vê-los nem me custa andar aí"




Thursday, 6 May 2010

"Uma derrota do meu Benfica perfura-me o ânimo, sem cuidar da anestesia. Uma vitória do meu Benfica alimenta-me mais do que o mais calórico dos alimentos, e anima-me mais do que uma mão-cheia de antidepressivos. Na vitória, o amor ao clube é partilhado, mas no desaire a solidão dá-lhe uma expressão infinita e incondicional. Como acontece com a pessoa amada, o verdadeiro teste do afecto concretiza-se nos momentos difíceis. O Benfica é ao mesmo tempo afecto e privilégio, coração e razão, vitamina e analgésico, fermento e adocicante, saudade e desafio, cumplicidade e aconchego."


Utilizo as palavras de outrém pois acho que são a explicação possível para o que significa ser adepto de algo. Quando as emoções se misturam cá dentro a um ritmo avassalador, quando passamos no espaço de um minuto da maior das euforias ao mais profundo dos desesperos. E acho que isto é algo com que qualquer adepto se pode relacionar, independentemente da sua cor clubística. Todos somos treinadores de bancada, todos achamos que sabemos a táctica perfeita, todos pensamos que sabemos o segredo por trás da vitória, dos golos, das bandeiras e dos cachecóis a rodopiarem no ar. No fundo, não passa de um jogo, algo que também atravessa a nossa vida, mas que não passa disso mesmo, de um jogo. Que por vezes se leva a si próprio demasiado a sério, mas enfim, se fosse a feijões a paixão não existiria. Assim, e independentemente do que aconteça este próximo fim-de-semana, neste campeonato o meu clube já me deu enormes alegrias. Desde a avalanche de golos, aos passes de letra do Di Maria, dos pontapés bombásticos do Carlos Martins, às fintas do Saviola, dos pulmões enormes do Ramires, ao nervoso miudinho de cada vez que o Cardozo ia marcar uma penalidade, da força de vontade do Jorge Jesus, às vezes em que preferia que o mesmo Jesus ficasse mudo e calado. Houve de tudo este ano e agora que, sem cinismos, espero que o campeonato fique ganho, mesmo que isso não aconteça, o meu Benfica já cumpriu uma coisa em relação a mim. Devolveu-me, nem que seja só este ano, o gosto de ver futebol bem jogado. E isso, é bem melhor que um Picasso de 81,3 milhões de euros (ou não...).

Saturday, 1 May 2010

A vida é feita de pequenos momentos e alinhamentos cósmicos (ou o que lhes quiserem chamar), é por isso que do nada surgem noites quase perfeitas, daquelas que dão azo a memórias saborosas:

Abro um daqueles jornais diários de distribuição gratuita e por acaso reparo na notícia de um concerto. Não conheço a cantora (não sou boa com esta coisa dos nomes dos artistas), mas o género agrada-me, o sítio é me familiar e há algo que dá sinal, "nem que seja para quebrar a rotina" penso, sem tomar uma decisão imediata "à noite, logo se vê".

Quase pomos a ideia de parte, mas vamos. Além da cantora principal, há outro grupo, Português e com músicas em inglês. Os ouvidos deliciam-se, e um sorriso instala-se na cara, marcando o que vai na alma. Uma boa surpresa, a melhor da noite, que continuou recheada de sons agradáveis e ambiente acolhedor e intimista.

(Espaço Nimas, Laura Gibson + Mina & the Brook Trout, 30 de Abril 2010; http://www.minta.me/home.html para quem estiver interessado).

Thursday, 29 April 2010

A CULPA É DO ESPARGUETE!!!



(e os seus seguidores deviam ter vergonha das suas acções...)


Thursday, 22 April 2010

Contagem decrescente. Passo a passo em ritmo próprio. Paredes que dizem mais do futuro que do passado. Luz que invade pacificamente os meus contornos. Vista a perder de vista. Branco, envolvendo, transbordando, fazendo-se presente. Amanhãs que virão. Conjunto de pequenos nada, que dão personalidade, que dão pertença. Prolongamento de mim.

Thursday, 8 April 2010



(ou como por vezes não adianta mesmo nada derramar lágrimas...)

Saturday, 3 April 2010

Ir sem destino particular, nem horário concreto. Demorar-me no momento, dando tempo ao tempo, dando-me tempo a mim. Ser, respirar. Libertar-me dos fios e das suposições, do que é assumido, do que é suposto, do que os outros querem, do que já se tornou hábito. Buscar uma paz que vem de dentro, que é suave. Não pensar em demasia, não planear mais de que se parte e se regressa, deixando a viagem, o percurso desenrolarem-se a seu belo prazer. Entrar nas páginas de um livro, embrulhar-me na história, e esquecer o resto, simplesmente porque esqueço e não porque faço por esquecer. Admirar-me com a simplicidade das coisas simples, que redimem as maleitas do dia-a-dia.

Thursday, 1 April 2010


... e ideias iluminadas, se não for pedir muito.

Thursday, 25 March 2010

"(...) Nas cordas da guitarra improvisam-se criaturas. Monstros modestos avançam direitos em equilíbrio sobre uma corda minúscula. Um dedo: vê o dedo equilibrar-se na corda da guitarra: é um equilibrista de circo: pode cair, não cai. Tudo o que corre perigo e não cai provoca espanto. Vê os dedos, observa cada um dos dedos. Vê como se equilibram. Enquanto não cais, sê criativo. Aproveitar o facto de estar vivo para estar vivo duas vezes: a grande imaginação. (...)"

Gonçalo M. Tavares






Sunday, 21 March 2010

Para mim será sempre o "largo da minha avó", mesmo que ela já tenha morrido e a casa tenha sido vendida. Quando passo por lá perto a associação é automática e feita no presente, sem o era à mistura.

Estranhamente quase nunca este desencadear de pensamento, me faz reviver e recordar memórias - dela, dela comigo (talvez porque a "casa dela" seja relativamente perto da minha, e a proximidade do largo seja uma constante).

Raramente associo conscientemente aquele largo, e aquele jardim a mim e àquilo que sou hoje. E a verdade é que aquele espaço foi de extrema importância na minha infância. Tal como é inegável que aquilo que sou é resultado da forte presença da minha avó (genética - que o espírito também tem algo de físico, e passa de geração em geração - e educacional).

(neste fim-de-semana recordei e senti saudades mansas, tal como senti antes da semana acabar).

Thursday, 18 March 2010

Há coisas mesmo parvas, não há?

Homossexuais podem dar sangue, só não podem dizer que o são


Como se não houvessem heterossexuais com comportamentos de risco...
Como se o sangue doado não fosse submetido a análises...
Como se as reservas de sangue não andassem pelas ruas da amargura...

Tendo em conta esta última história, e outras das quais vou tendo conhecimento e que nada têm a ver com orientação sexual, acho que as dádivas de sangue deviam ser recolhidas por robots ou algo similar. Pois enquanto estiverem lá pessoas, é certo e sabido que nunca vai haver homogeneidade de critérios e vai sempre imperar a regra do ser humano que erra.


Saturday, 13 March 2010

O tempo passa simultaneamente demasiado rápido e devagar.

Enfim...

Friday, 5 March 2010

As evidências falam por si. São claras. Escrevem-se a preto e branco, sem lugar a divagações ou suposições. Mesmo que a alma, por hábito ou necessidade, tente dar a volta ao texto, elas estão lá. Sublimemente claras, e por isso redentoras. De uma natureza científica indiscutível.

Thursday, 4 March 2010



(ou como às vezes apenas apetece fechar os olhos...)

Thursday, 25 February 2010

Sabem quando temos um daqueles momentos em que achamos alguma coisa engraçada, e começamos a rir e continuamos a rir e não conseguimos parar e às tantas já nem sabemos muito bem a razão pela qual começámos a rir, ou melhor sabemos perfeitamente mas já só nos estamos a rir do facto de nos estarmos a rir, e quando reparamos já nos correm lágrimas pelo rosto só de rirmos e quase temos de fazer um esforço sobrehumano só para respirar e quase temos a sensação que vamos rebentar de tanto riso? Pois isso não é sinal de que o mundo acabou ou que nós nos acabámos de tornar dementes sem salvação. Isso é apenas um sinal de que estamos vivos, de que o nosso coração continua alegremente a bombear sangue para todo o corpo e de que, independentemente das nossas convicções, princípios, ideologias, crenças e tudo o que mais que vai marinando no nosso cérebro, os nossos neurónios têm um genuíno sentido de humor para se rirem das coisas mais disparatadas que nos põem à frente.

Esta semana tive um momento destes. E há poucas coisas tão boas como isto.



Friday, 19 February 2010

Às vezes do nada, somos surpreendidos, de forma espontânea, inequívoca, inesperada. Sem aviso prévio, nem pressentimentos ou prenúncios. Algo que já não esperávamos, que cada vez que nos vinha a mente era automaticamente catalogado com pertencente às coisas de categoria sumamente improvável, simplesmente acontece.

(obrigada por seres nossa amiga à tua maneira)

Primeiras impressões

Estou a deixar a minha primeira impressão num blog, que surgiu numa tarde estupida num café qualquer. Como as primeiras impressões são importantes, vou deixar uma que fique para sempre. E é claro que para isso acontecer, tenho que escolher uma daquelas verdades feitas, frases que repete quem gosta de parecer intelingente.. pois aqui fica para gáudio dos três:

A verdade é que o mundo nem sequer existe, que a nossa consciência é uma ilusão e que passamos a vida a enganar-nos.. por isso como pode acabar à quinta-feira?

Amanhã vou sair de casa às 05:00 e vou pintar uma escola abandonada, numa aldeia abandonada ao Norte de Luanda. E vai ser tão bom ver mais tarde aquelas paredes sujas.. mais importante do que passar pinceis pela parede é saber que uma criança passará por lá a correr, raspará, sujará com terra e com pneus que os meninos lá da aldeia usam para brincar..

Há todo um mundo que morre às quintas-feiras porque nos faz dormir a consciência, mas há todo um mundo novo que começa às sextas, com esperança nas mãozitas futuras de meninos que vão sujar uma parede que se pinta com amor.

Thursday, 18 February 2010

Qual serie la sensaçon de cuncretizar la fuga? Naqueilhes dies, el nun cunseguia pensar noutra cousa que nó fusse simplesmente bater cula puorta, mandar to aquel quotidiano a la merda i simplesmente fugir, correr, deixar to aqueilha eisisténcia çancadielha para trás de las cuostas. Haberie culpas del, cierta mente, el tenie assinado por baixo i era antoce cul sou cunsentimiento que todo aqueilho tenie acuntecido. Mas nunca tenerie el eimaginado que las cousas chegassen a un punto an qu'el sinceramente cuntemplasse treminar cun todo, rialmente todo. I por esso ye qu'agora solo le ocorria fugir, para adonde naide l cunseguisse ancontrar. Nin aqueilhes qu'amaba, nin aqueilhes qu'odiaba. Solo i solo ampeçar todo de l zero. Ua spece de renacimiento de la sue pseudo-alma. Melhor i menos drama quen, un reset de la massa cinzenta, squecendo to l'angústia i delor que ls redadeiros dieç anhos de la sue bida le tenien proporcionado. Era triste aqueilha fuga, pus deixaba tamien muita cousa buona para trás. Mas l que fazer cun amisades que ne l redadeiro segundo nun chegában pa l salbar? L que fazer cun todas aqueilhas retratos stupendas, qu'agora solo se lhemitában a ganhar pó an albuns i caixas? L que fazer cun amores tan apaixonadamente bebidos, qu'agora se tenien tornado an mimórias azedumes que nanhun sistema de suporte de bida cunseguia reanimar? Ne l balancete de las cousas, l passibo cunseguia anterrar ls restos mortales de l'atibo. I por esso nun habie outro camino. Tenie de fugir, para alhá de la lhinha de l'hourizonte i antes de l sol se poner. Qual mísera caricatura dun lhucky lhuke sin selombra nin cabalho.

(depuis de passar ls uolhos pula Lhei Seca)

Saturday, 13 February 2010

Parece que o mundo já não tem dia certo para acabar, é quando calha, quando há tempo, quando as palavras têm a agenda livre e resolvem dar a cara. Talvez seja melhor assim, mantém-se o elo sem criar a sensação de obrigatoriedade que muitas vezes corrói a leveza das coisas. O importante é escrever (ou manter a ilusão que um dia, um dia vamos escrever, arte sublimemente praticada pelo membro silencioso deste trio), partilhar (mais, ou menos de nós), estarmos presentes.

(hoje foi um dia de sol, daqueles que eu gosto, daqueles que aproveito. Não fosse haver demasiadas pessoas - não simpatizo com multidões - a passear como eu, teria sido perfeito)

Sunday, 7 February 2010

Não é que não haja nada para dizer, ou que falte vontade de escrever, a questão é que as palavras alinham-se de forma frugal, desmaiada, sem dar azo sequer a frases soltas.

Batalha inglória de escrever e apagar.

Thursday, 4 February 2010

Devia ser proibido ler cartas antigas.
Por vezes acabamos por esquecer parte daquilo que outrém nos escreveu há anos e anos atrás. As coisas boas, as coisas menos boas, as coisas que já são passado, as coisas que continuam a acontecer no presente. Custa ler as palavras de pessoas que foram seguindo outros caminhos, longe dos nossos. Custa ler as palavras de pessoas que continuam a fazer parte da nossa vida, mas de forma diferente, muito diferente daquilo que eram e daquilo que nos fizeram sermos tão próximos. Custa ler as palavras que lemos no passado, num sítio longínquo, onde apenas podíamos imaginar o sorriso da pessoa que nos escrevia, onde sentíamos as lágrimas a aparecerem quando pensávamos na lágrima que corria na face de alguém que estava longe. Ficamos felizes por lermos palavras que são tão válidas hoje como o eram há dez anos atrás. Sentímo-nos impotentes por lermos palavras de quem nos amou e que depois nos deixou, palavras desamparadas, palavras paradas no tempo que impacientemente correu até nos deixar num presente onde estas palavras parecem punhais. As cartas trazem consigo as imagens do passado, aquelas imagens que não podem ser fotografadas, que caminham pelas ruas perdidas da nossa memória. Mas elas trazem também consigo o contraste do presente, a ausência que nos percorre quando algumas palavras são tão duras de ler. E mesmo assim, recusamo-nos a lançar essas cartas na fogueira do esquecimento, pois mesmo sendo trespassados por esses punhais feitos de tinta escrita à mão, é importante que fiquem por ali, arrumadas numa gaveta, a lembrarem-nos que já fomos felizes, já chorámos, já fomos amados, já fomos inocentes e tudo aquilo ainda somos nós e elas, as pessoas cujo eco das palavras continua a ressoar dentro da nossa alma.
Devia ser proibido ler cartas antigas.

Ou, faz parte da tua vida.
:)

Thursday, 28 January 2010

Não se consegue resistir ao poderio da Maçã Trincada...
Ele é o iPod, o iPhone, o iPad...
Pois bem, e eu apresento em primeira mão...

o iCaramba.


(aceitam-se sugestões para a sua utilização.)

Thursday, 21 January 2010

O meu velhote completa hoje sessenta e uma rotações à volta do sol.
Portanto, é bom que hoje o mundo não termine a sua existância.
De modo a que possamos fazer muito barulho, especialmente dedicado às vizinhas de cima mais os seus tacões galopantes.
E pronto era só isto.
Bom, vou beber mais um copo de espumante antes que o orçamento de estado seja aprovado e este país acabe por ser implodido.
A gerência agradece.


Friday, 15 January 2010

Ainda estou por cá... não me apetece escrever, mas ainda estou por cá. Não é que faltem palavras, o que falta é disponibilidade mental, vontade de pensar.

Fica a promessa de outros dias, com outras escritas.

Thursday, 14 January 2010

"Há muito que os especialistas defendem que o tratamento do cancro está demasiado fragmentado e que para haver maior qualidade é necessária concentração. Nesse sentido, a Coordenação Nacional para as Doenças Oncológicas (CNDO) fez sair este mês um documento onde surgem os requisitos necessários para que uma unidade preste cuidados em oncologia. Um deles define como 500 o número mínimo de novos casos por ano para que um serviço se mantenha aberto."

(escrevinhado no público)

Racionalizem tudo o que quiserem.
Façam todas as avaliações de custos e relatórios de produtividade que quiserem.
Entrem em todas as rivalidades políticas e regionais que queiram.
Façam tiroteio de números o quanto tempo quiserem.

Mas saber que vai haver mais hipóteses de haverem pessoas a sofrer com uma doença que nos rouba quase toda a nossa dignidade e nos leva quase tudo menos os ossos...
Saber que há hipóteses de haverem ainda mais famílias e amigos dilacerados pelo sofrimento de quem amam e pelo eventual roubo dessa presença nas suas vidas...
Saber que o ser humano é apenas um número e nada mais...

Espero que a vossa consciência vos grite aos ouvidos até ao final das vossas vidas.

Thursday, 7 January 2010

Isto ainda não fechou?
A reunião das luminárias que aqui escrevem deu em rigorosamente zero. Quem escreveu, vai continuar a escrever, quem nunca escreveu, volta a prometer que o fará. Seja sobre as tendências musicais noctígavas luandenses, seja sobre saltos altos, seja sobre o que fôr. Nós estaremos atentos (mais num sentido de curiosidade que num sentido pidesco, entenda-se).
Assim, a sintonia continua aberta.

E já que o mundo não se finou com a entrada em 2010 (será mesmo como em 2012, como no filme que espero continuar a evitar?), urge dizer que amanhã acaba mais uma hipocrisia presente neste pequenino rectângulo tão nosso. Até porque a nossa Constituição até já prevê isto há muito tempo. E só é pena que não haja tomates para avançar também com a adopção. E já agora, rever todo o processo de adopção em Portugal também não era má ideia, muito pelo contrário. Seja como for, e mesmo havendo crise economico-financeira e coisas mais importantes para deliberar na Assembleia e etc e etc, poderá haver algo tão importante como os direitos e liberdades do cidadão? Poderá haver algo tão importante como acabar com a malfadada discriminação seja em que campo social se dê? A minha resposta é, e correndo o risco de ser fulminado, um firme Não.


"Artigo 36.º da Constituição da Republica Portuguesa
Família, casamento e filiação

1. Todos têm o direito de constituir família e de contrair casamento em condições de plena igualdade."